Na Rádio Pessoas, chamamos a atenção para o Festival MARÉ ! De 23 a 26 de Setembro, Santiago de Compostela e a Galiza tornam-se num oceano de experiências... 4 dias de Músicas e Artes dos 2 lados do Atlântico 4 dias de celebração da diversidade 4 dias de intercâmbio cultural São mais de 30 concertos com artistas de 10 países. Para maiores informações vai a www.mare.gal
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Nascida e criada no Morro da Cruz, periferia da cidade de Porto Alegre no Brasil, Jaqueline Trindade Pereira é conhecida pelo seu forte discurso político. Sua relação com o Hip hop começou em 2007, quando integrou o grupo Pesadelo do Sistema. Foi a primeira mulher a vencer a tradicional Batalha do Mercado no ano de 2013, ganhando destaque no cenário gaúcho, na mesma época ainda venceu mais dois importantes prêmios, o Chance Etapa Hip hop e o Festival Hip Hop Soul. Negra Jaque é professora, pedagoga e empreendedora, idealizadora da marca Laboratório, que desenvolve camisetas, bolsas, turbantes, bottons, todos produtos com uma estética da cultura negra. Quem é você? Quando e como resolveu fazer música? NEGRA JAQUE - Sou uma mulher negra de 34, mãe de Erick de 12 anos, pedagoga, artista, ativista liberta e com muita disposição pra viver. O Rap veio na minha vida (a parte da composição) aos 17 anos. Fazer Rap foi uma forma de desabafo, denunciar as questões que tínhamos que enfrentar. Sendo mulher negra e periférica não deve ter sido nada fácil chegar onde você chegou, sendo hoje uma artista reconhecida nacionalmente e ainda manter sua atividade de professora/ pedagoga. Como é a sua rotina? NEGRA JAQUE - A primeira fase foi a construção da identidade de saber meu lugar no mundo. Foi sempre muito complicado, inclusive, a universidade junto com toda essa rotina. Sempre tive minha família e amigos como ponto de apoio, sem eles nada aconteceria, trabalho com muito planejamento para administrar o caos (risos), mas faz parte do nosso cotidiano acelerado. De qual forma você descreve a relação da música e da educação, entre a resistência ao machismo? NEGRA JAQUE - Iniciei o meu processo dentro do movimento Hip hop estudando pra ser professora, lia muitos textos de Paulo Freire falando sobre a organização da juventude. A música apresenta um leque amplo de possibilidades, ela amplia mundos, é uma forma de combater e denunciar todas as formas de opressão. É correto afirmar que as mulheres negras, principalmente as que vivem na periferia enfrentam outras situações de preconceito que as mulheres brancas não sofrem? NEGRA JAQUE - Pensar no lugar da mulher negra em nossa sociedade é fazer uma reflexão consciente sobre a história do país. Os processos históricos de violência, estupro e objetificação normatizados pela própria sociedade deixa sequelas que precisam ser equiparadas. Toda a revolução ou qualquer forma de rebeldia que não possibilite e garanta o lugar de fala da mulher negra não me apresenta uma real mudança de estrutura. Consciente que somos uma estrutura da sociedade. A atual conjuntura política brasileira tem se mostrado complexa, apoiada por um fundamentalismo religioso. O que pode ser feito para mudar essa realidade? NEGRA JAQUE - Acredito que existem alguns movimentos que precisam ser feitos. A curto prazo movimentos sociais, coletivos e representações se unificarem em um único ideal que é a criação de um projeto de país com respeito e consciente de toda multi-diversidade. A longo prazo, um investimento forte em educação, mas uma educação que priorize o pensamento crítico, basicamente uma educação que oportunize o pensar e não o reproduzir. Existe um fator real que são os nossos movimentos diários (chamo de movimentos de rotação) que nada mais são do que nossa forma ética de convivência no mundo. Pensar em um estado laico com um governo resiliente e, também pensar de forma equiparada à todos os brasileiros, é uma forma possível de qualidade de vida. Nascido em Maputo em 1980, Cheny, teve o seu primeiro contato com a música aos 5 anos, herdando os conhecimentos da música Chope. É membro fundador da OrquestraBanda TIMBILA MUZIMBA desde 1996, com quem já participou em importantes festivais na Europa, Africa Austral, Ásia e America do Sul. Cheny também é compositor musical, possui diversos trabalhos realizados para o cinema, teatro e poesia.
Cheny, como, onde e quando foi o seu primeiro contato com a música e a timbila? CHENY WA GUNE - Como - Venho de uma família de artistas do povo chope. Onde - foi na casa do pai onde o meu tio é músico profissional membro fundador da Primeira " Companhia Nacional de Canto e Dança. Quando - Não me lembro bem porque era criança na altura, uma vez que no bairro havia sessões de música e dança juntamente com outros Mestres. Mas eu profissionalmente começo pela dança em 1992, com depois mais tarde com a música no ano de 1996. Você é um artista de longa experiência internacional, já esteve tocando em importantes festivais na Europa e em outros países, para você como está o atual momento do mercado da música em Moçambique? CHENY WA GUNE - O actual momento está difícil, embora dá para sobreviver Muito tem se falado em desenvolver e potencializar os artistas e a cultura africana, por parte de organizações internacionais, isso na prática de alguma maneira está acontecendo? Você já recebeu algum tipo de apoio ou foi contemplado de alguma forma por estas ações? CHENY WA GUNE - Directamente nunca recebi o apoio, se já fui contemplado foi indiretamente. Você já teve viajando ou tocando em algum país latino, se sim, como foi essa experiência para você? CHENY WA GUNE - Sim, já toquei na Casa da Francisca em São Paulo, no Circo Voador e Sala Baden Powell no Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Brasília e Belo Horizonte, também em Buenos Aires na Argentina e em Santiago no Chile. Foi uma experiência fantástica, gente alegre que respira a cultura viva. A Rádio Pessoas está comprometida com a Agenda 2030 Após a Rio+20, um amplo e inclusivo sistema de consulta foi empreendido sobre questões de interesse global que poderiam compor a nova agenda de desenvolvimento pós-2015. Diferentemente do processo dos ODMs, os novos objetivos de desenvolvimento sustentável foram construídos a muitas mãos. O Grupo de Trabalho Aberto para a elaboração dos ODS (GTA-ODS) estava encarregado da elaboração de uma proposta para os ODS. Composto por 70 países, contou com o envolvimento das mais diversas partes interessadas: desde contribuições especializadas da sociedade civil, até contribuições da comunidade científica e do sistema das Nações Unidas. O objetivo era proporcionar uma diversidade de perspectivas e experiências. Em agosto de 2014, o GTA-ODS compilou os aportes recebidos, finalizou o texto e submeteu a proposta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e das 169 metas associadas à apreciação da Assembleia Geral da ONU em 2015. ![]() A Agenda 2030: Um plano de ação global para um 2030 sustentável O documento adotado na Assembleia Geral da ONU em 2015, “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, é um guia para as ações da comunidade internacional nos próximos anos. E é também um plano de ação para todas as pessoas e o planeta que foi coletivamente criado para colocar o mundo em um caminho mais sustentável e resiliente até 2030. A Agenda 2030 consiste em uma Declaração, em um quadro de resultados - os 17 ODS e suas 169 metas -, em uma seção sobre meios de implementação e de parcerias globais, bem como de um roteiro para acompanhamento e revisão. Os ODS são o núcleo da Agenda e deverão ser alcançados até o ano 2030. Os 17 Objetivos são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. São como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e todos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável. Nos próximos anos de implementação da Agenda 2030, os ODS e suas metas irão estimular e apoiar ações em áreas de importância crucial para a humanidade: Pessoas, Planeta,Prosperidade, Paz e Parcerias. Ao combinar os processos dos Objetivos do Milênio e os processos resultantes da Rio+20, a Agenda 2030 e os ODS inauguram uma nova fase para o desenvolvimento dos países, que busca integrar por completo todos os componentes do desenvolvimento sustentável e engajar todos os países na construção do futuro que queremos.
Ao combinar os processos dos Objetivos do Milênio e os processos resultantes da Rio+20, a Agenda 2030 e os ODS inauguram uma nova fase para o desenvolvimento dos países, que busca integrar por completo todos os componentes do desenvolvimento sustentável e engajar todos os países na construção do futuro que queremos. Conheça os 17 ODS e suas 169 metas. Para saber mais sobre cada um dos ODS, clique: ![]() Artista na banda Criolina/MA e ativista cultural. Criadora e gestora do Festival BR135, que há nove anos acontece em São Luís do Maranhão, ocupando com arte e música o centro histórico de São Luís. Luciana é co-criadora de ferramentas de políticas culturais como Observatório da Cultura do Maranhão e Liga da Cultura, foi curadora do Prêmio Natura 2018 e integrou a curadoria do Porto Musical 2020. O Festival BR 135, sem dúvida, é o maior festival de música do estado do Maranhão, para além de shows musicais, a programação conta outras atividades. Quais são e como acontecem? LUCIANA SIMÕES - O BR135 tem objetivo de ocupar o centro histórico de São Luís, nesta última edição abrindo os braços em um espaço maior, nas praças Maria Aragão e Gonçalves Dias. Com um poderoso painel de sonoridades nos palcos, atividades formativas, rodada de negócios e mercado de arte e gastronomia, o BR135 é um dos únicos festivais de música independente e autoral do país, em que todas as atividades são gratuitas. Quem participou da última edição presencial do Festival BR 135? LUCIANA SIMÕES - A festa reuniu os artistas convidados Edgar, Xênia França, Potyguara Bardo, Attooxxa e Céu e os selecionados ENME Paixão, Preto Nando recebe Kaminski, Paulão, Vinaa recebe Cláudio Lima e Romero Ferro (PE), Orquestra Maranhense de Reggae com a presença de Dicy Rocha, Regiane Araújo e Otília Ribeiro, The Baggios (SE), Josyara (BA) e os DJs Dolores (PE), Juliana Alba e Sue Krsteli. Neste ano, a curadoria buscou contemplar a diversidade, dando visibilidade à música feita nas periferias, música negra, nordestina, dando voz às mulheres e à cena LGBTQ. Estamos vivendo uma revolução que envolve gênero, etnia, geografia e a força da nossa música está na reunião de diversos atores. Importante destacar que essa representatividade foi contemplada com base na qualidade musical e na capacidade de dialogar com o público do festival, que é exigente. Como funciona o "Conecta música, mercado e literatura”? LUCIANA SIMÕES - Nesta edição, o Conecta Música colocou na pauta, entre outros temas, tendências e futuro das mídias de música, cultura e comportamento na internet, internacionalização de carreiras, além de ter um painel especial sobre o Circuito Nordeste – A Revolução. Entre as ações formativas, direitos autorais e um workshop de tradução em libras. Outro tema que está na pauta do Conecta é a presença feminina na música, poder e maternidade. E quem falou sobre o assunto foi a cantora Céu, em um bate-papo realizado na tarde de sábado. Além das atividades de fomento ao mercado da música, com a presença de produtores e representantes de eventos, o Conecta Música deste ano contempla a literatura em duas atividades especiais: o lançamento da biografia de Raul Seixas, do jornalista Jotabê Medeiros, e edição do programa Palavra Acesa, da jornalista Andréa Oliveira, que vai receber a cantora Áurea Maranhão, para falar sobre sua relação com os livros. A rodada de negócios abriu as atividades, participaram representantes dos festivais Serasgum (PA), Festival de Inverno de Garanhuns, Cifra club e palco MP3, Radioca (BA), da produtora Uhuu Manegement (NY), programa de rádio Faro e podcast Papo de Música (RJ), Abril pro rock (PE), Tenho mais Discos que amigos, Gato na Vitrola, Revista Rolling Stone, Mídia Ninja (Pablo Capilé) e Guta Braga (direitos autorais- RJ). Como você resume o Festival BR 135? LUCIANA SIMÕES - O Festival BR 135, que tem como objetivo a formação de plateia, a promoção de intercâmbio cultural e a inclusão da música produzida no Maranhão no mapa cultural do Brasil, começou numa lona de circo com 200 pessoas, e já realizou 25 edições em oito anos, levou ao palco em média 700 artistas, por edição. Em 2019, atingiu o público de 90 mil pessoas durante três dias. |