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Coletivo   Ponto Morto

17/3/2023

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​No Atelier A Fábrica, no dia 23 de fevereiro, aconteceu o primeiro evento do Coletivo Ponto Morto. Consistiu num sarau de poesia, dois concertos, uma sessão de retratos poéticos, exposição de fotografias e um DJSET.
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Havia poemas espalhados pela ampla arca do Atelier, a quem quisesse lê-los; pelo salão escuro, alguns potinhos de amendoim com mel e sal pousados sobre mesas caseiras, sofás espalhados por todo o lado, dando um ambiente familiar ao lugar e, finalmente, um palco iluminado com charme coroando a proa d’A Fábrica.

Num primeiro momento, houve uma peça audiovisual com poesia recitada por Carolina, uma das pessoas que integra o coletivo. A poesia ficou a cargo de quem veio, e muitas pessoas participaram lendo seus próprios poemas ou aproveitando os poemas cedidos pela organização do Ponto Morto. A seguir às leituras, houve um concerto da Mel Costa, que com o corte da sua voz discreta - mas imposta - deu um belo ar à casa, enquanto cantava quase recitativamente.
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​Seguiu-se a apresentação de João Monteiro e Inês Bártolo, marcada pela interação entre os dois; por um lado, Bártolo e sua clara doçura quase camponesa, e por outro a relativa dureza de Monteiro que, acompanhado do violão, soube dar suporte às juras de amor tresloucadas que cantarolavam com conforto. Numa mesa ao lado do palco, Joana Ferrajão, jovem poeta e dramaturga, tecia seus retratos poéticos a quem os quisesse – pintar com palavras! Próximo à entrada, uma mesa aonde estavam pousadas as fotografias de Sara, uma das integrantes do Coletivo.

Formado por ocasião, mas com intenções de permanecer e se expandir, o Coletivo Ponto Morto é integrado por Carolina, Monteiro e Sara – assim, um nome só, que é como se apresentam no manifesto disponível nas redes sociais. Carolina foi chamada para fazer um DJSET n’A Fábrica, lugar aonde também trabalha, e decidiu que esta poderia ser uma oportunidade para melhor aproveitar o espaço e o tempo da casa, preenchendo as horas com outras atividades. As três pertencem aos Inkas, tradicional república de Coimbra, o que para Carolina facilitou a logística da organização: não precisa reunir quem já está reunido. Evento e Coletivo surgem ao mesmo tempo!


​Segundo Sara, o Coletivo é uma ideia em aberto, pronta a se adaptar e receber as ondas das oportunidades e os laços colaborativos que forem aparecendo. O que importa, diz Sara, é promover cultura e arte que venha das próprias pessoas da cidade, e não propriamente das instituições. Carolina nota que Coimbra tem sim um pendor elitista, mas há um circuito cultural underground, muitas vezes dinamizado pelas repúblicas, que não é assim tão valorizado, apesar do trabalho e do serviço que prestam à cidade. Para Carolina, iniciativas como esta podem remediar a tendente museificação das artes, que em sua perspetiva não deveriam ser retiradas de seus laços imediatos com a comunidade que as cercam – em suma, contra a múmia dos salões expositivos, uma arte viva, naturalmente integrada à vida da comunidade. 
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​Ainda que haja uma divisão provisória das funções no interior do Coletivo, todos acabam fazendo um pouco de tudo. Sara está mais próxima das artes visuais, mas também contribui com a literatura. Carolina se dedica à poesia, mas tem ideias musicais e visuais. Monteiro está responsável pelo som, mas pode quando quiser sugerir ideias literárias e afins. Afinal de contas, pertencem todas aos Inkas, e às vezes as ideias estão apenas a uma porta de distância. “É uma espécie de engrenagem”, diz Carolina. Todas têm um contato vital com o que fazem; Sara diz que na fotografia se reúnem uma série de elementos artísticos: é como pintar com luz, mas também toda boa fotografia sugere uma história. Carolina, por sua vez, vê na poesia uma forma de rápida intervenção na cultura local – afinal de contas, fazer um poema não demora tanto e não exige nenhum material senão uma mente poética. Monteiro já se vê na música há muitos anos, e faz parte da banda Paradigma, resistente desde 2011.

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E por que então Ponto Morto? Dizem-me suas idealizadoras que o nome pode ter dois sentidos, além daqueles possíveis a cada intérprete: por um lado, aquele estado em que na máquina não há transmissão de movimento de um ponto ao outro, como nas mudanças dos carros. Estado de passividade, em que só a gravidade determina a direção do movimento. Por outro, há a noção de potencial, de um momento a partir do qual tudo pode surgir, ou reenviado novamente à metáfora mecânica, do ponto morto se pode passar a qualquer mudança! Para Monteiro, se as pessoas não fizerem, ninguém faz. A busca de novas formas de produção e colaboração artística é uma das motivações do Coletivo que nasce não apenas para si, como também voltado a outros grupos de artista. Criar circuitos de arte, fortificar os que já existem e, acima de tudo, fazer boa arte a partir das pessoas ao redor. É cultura que se fortifica através da união e da partilha.
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Para o futuro, o Coletivo Ponto Morto não pretende ficar apenas no presencial. Com outras colaborações a se esboçarem no horizonte, o Coletivo pretende também lançar conteúdo digital, poemas recitados com suporte audiovisual, a quem não apeteça ouvir uma canção ou peça musical, mas apenas ouvir um poema. Assim, no digital, poderiam unir suas paixões: poesia, música e imagem numa só obra. Engatemos a mudança, mesmo que contra a gravidade das subidas coimbrãs, e continuemos atentos ao que farão no futuro! Decerto que não ficarão pelo ponto morto!


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Fotografias gentilmente cedidas pelo Coletivo Ponto Morto
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    Pedro Ribeiro

    Coluna sobre arte e cultura na cidade de Coimbra, Portugal.

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