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Entrevista | Negra Jaque

6/9/2021

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Nascida e criada no Morro da Cruz, periferia da cidade de Porto Alegre no Brasil, Jaqueline Trindade Pereira é conhecida pelo seu forte discurso político. Sua relação com o Hip hop começou em 2007, quando integrou o grupo Pesadelo do Sistema. Foi a primeira mulher a vencer a tradicional Batalha do Mercado no ano de 2013, ganhando destaque no cenário gaúcho, na mesma época ainda venceu mais dois importantes prêmios, o Chance Etapa Hip hop e o Festival Hip Hop Soul. Negra Jaque é professora, pedagoga e empreendedora, idealizadora da marca Laboratório, que desenvolve camisetas, bolsas, turbantes, bottons, todos produtos com uma estética da cultura negra.

Quem é você? Quando e como resolveu fazer música?

NEGRA JAQUE - Sou uma mulher negra de 34, mãe de Erick de 12 anos, pedagoga, artista, ativista liberta e com muita disposição pra viver. O Rap veio na minha vida (a parte da composição) aos 17 anos. Fazer Rap foi uma forma de desabafo, denunciar as questões que tínhamos que enfrentar.

Sendo mulher negra e periférica não deve ter sido nada fácil chegar onde você chegou, sendo hoje uma artista reconhecida nacionalmente e ainda manter sua atividade de professora/ pedagoga. Como é a sua rotina?
NEGRA JAQUE - A primeira fase foi a construção da identidade de saber meu lugar no mundo. Foi sempre muito complicado, inclusive, a universidade junto com toda essa rotina. Sempre tive minha família e amigos como ponto de apoio, sem eles nada aconteceria, trabalho com muito planejamento para administrar o caos (risos), mas faz parte do nosso cotidiano acelerado.

De qual forma você descreve a relação da música e da educação, entre a resistência ao machismo? 
NEGRA JAQUE - Iniciei o meu processo dentro do movimento Hip hop estudando pra ser professora, lia muitos textos de Paulo Freire falando sobre a organização da juventude. A música apresenta um leque amplo de possibilidades, ela amplia mundos, é uma forma de combater e denunciar todas as formas de opressão.

É correto afirmar que as mulheres negras, principalmente as que vivem na periferia enfrentam outras situações de preconceito que as mulheres brancas não sofrem? 
NEGRA JAQUE - Pensar no lugar da mulher negra em nossa sociedade é fazer uma reflexão consciente sobre a história do país. Os processos históricos de violência, estupro e objetificação normatizados pela própria sociedade deixa sequelas que precisam ser equiparadas. Toda a revolução ou qualquer forma de rebeldia que não possibilite e garanta o lugar de fala da mulher negra não me apresenta uma real mudança de estrutura. Consciente que somos uma estrutura da sociedade.

A atual conjuntura política brasileira tem se mostrado complexa, apoiada por um fundamentalismo religioso. O que pode ser feito para mudar essa realidade?
NEGRA JAQUE - Acredito que existem alguns movimentos que precisam ser feitos. A curto prazo movimentos sociais, coletivos e representações se unificarem em um único ideal que é a criação de um projeto de país com respeito e consciente de toda multi-diversidade. A longo prazo, um investimento forte em educação, mas uma educação que priorize o pensamento crítico, basicamente uma educação que oportunize o pensar e não o reproduzir. Existe um fator real que são os nossos movimentos diários (chamo de movimentos de rotação) que nada mais são do que nossa forma ética de convivência no mundo. Pensar em um estado laico com um governo resiliente e, também pensar de forma equiparada à todos os brasileiros, é uma forma possível de qualidade de vida.
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